segunda-feira, 9 de julho de 2012

Internet e leitura


Carlos Alberto Di Franco 

Os adolescentes são fascinados pelas ferramentas da era digital. Eles não desgrudam do celular, vivem digitando mensagens de texto, passam horas escrevendo em blogs, navegando na web ou absortos nos videogames. Mas a dependência da internet não é exclusiva dos adolescentes. Todos nós, jovens e menos jovens, sucumbimos aos apelos do mundo virtual. Eu mesmo já fiz o propósito de não acessar meus e-mails nos fins de semana. Tem sido uma luta. Com vitórias, mas também com derrotas.

A internet é uma magnífica ferramenta. Mas não deve perder o seu caráter instrumental. Ler é preciso. Compartilho com você, amigo leitor, algumas obras. Espero, quem sabe, que o estimulem nas férias de julho.

“Mata! O Major Curió e as guerrilhas no Araguaia” (Companhia das Letras) é o registro rigoroso de um duro período da nossa história. A partir de um perfil biográfico do lendário Major Curió e da história da guerrilha e de seu extermínio – com base em documentos inéditos e depoimentos de vítimas, testemunhas e protagonistas da repressão militar –, o jornalista Leonencio Nossa, repórter do jornal O Estado de S. Paulo,  lança um poderoso facho de luz numa quadra que pretendia permanecer na sombra. A seriedade na apuração e o texto jornalístico, saboroso e leve, dão ao livro o status de referência obrigatória.

“A Igreja das Revoluções” (Editora Quadrante, São Paulo). Este é o último título da “História da Igreja de Cristo”, a monumental obra de Daniel-Rops. O autor, membro da Academia Francesa de Letras, estava trabalhando no 11º, que trataria do Concílio Vaticano II, quando morreu, em 1965. Emérico da Gama, um editor apaixonado pelo ofício e autêntico artesão das letras, caprichou na qualidade da edição. A multissecular história da Igreja, intimamente relacionada com a história da civilização, é um banho de cultura e um magnífico prazer intelectual.

“Los contenidos de los medios de comunicación. Calidad, rentabilidad y competencia” (Deusto, Barcelona). Trata-se de interessante livro do professor Alfonso Sánchez-Tabernero, especialista em empresa informativa e vice-reitor da Universidade de Navarra. A quem acredita que o sucesso das empresas de comunicação depende de sua capacidade de dar ao público o que ele quer (ou imagina que quer), Tabernero propõe uma reflexão: quem só vai atrás de supostas demandas do mercado pode conseguir sucesso imediato, mas corre o risco de perder prestígio a longo prazo. Um belo mapeamento do negócio informativo.

A todos, boa leitura e, aos que viajam, boas férias! 

Carlos Alberto Di Franco é doutor em Comunicação pela Universidade de Navarra

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